sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Onde está o romance? Vale a pena esperar pelo que vale a pena ter


Thales procura reaproximar-se de Julinho (foto: divulgação Rede Globo) 


Ninguém quer esperar mais nada. Ainda mais numa cidade de praia e corpão sarado à mostra, como o Rio. Mais ainda perto do carnaval, a maior festa da carne de que se tem notícia. (Talvez a de Floripa já seja concorrência suficiente nessa época). 

Mas onde fica o romance entre dois caras no meio disso tudo?  

Um amigo conheceu um cara por quem ficou interessado. Só que o cidadão, de 39 anos e todo sarado, não quer fazer sexo com ele. Por enquanto. Tentou explicar que sexo é muito fácil, que se consegue a todo momento e várias vezes ao dia; e que ele quer esperar por algo que seja mais ligado ao sentimento. Sexo sim, muito, claro, mas não mais daquele tipo que se resolve em duas frases (A ou P? Tem local?)

Meu amigo não entendeu e não aceitou. Diz que está morrendo de tesão no outro, e que o cara não quer ceder. Brinca meio irritado dizendo que “o cara já deu pra todo mundo e logo na vez dele resolve fazer jogo duro”. Eles já tiveram até desentendimentos por causa disso. Eu dei a minha opinião de que o cara acha q meu amigo perderá o interesse depois que o ato for consumado (como tantas vezes acontece). Meu amigo nega. Diz que gosta do outro e que pode ter algo com ele. Eu disse então que ele precisará convencer o sarado disso. 

Como amigos servem pra dizer verdades e não pra ficar passando a mão na cabeça, dei razão pro outro; e disse pro meu amigo q, se o sarado era mesmo essa máquina sexual antes, deve estar sendo difícil pra ele também dar essa segurada, mas que ele acha q vale a pena. Eu disse pro meu amigo que ele deveria era sentir-se lisonjeado, porque o sarado viu nele material para um relacionamento e que por isso resolveu segurar a onda por enquanto, em nome de algo melhor e mais duradouro.

É difícil falar de romance quando a gente tem à disposição tantas opções na internet, em saunas, cinemas e parques de pegação. Parece que romance é coisa antiga, careta, que demora demais. O negócio é o fast food, fast sex (“Fast Love”, como disse George Michael na música de mesmo nome). É consumir o outro, gozar e ir embora. Às vezes a história pode ter continuidade através de uma amizade tímida ou de novos e intensos encontros sexuais. Mas na maioria das vezes é aquilo ali mesmo, é hoje só, amanhã não tem mais. (que o digam o Ibirapuera e o Aterro do Flamengo)

É por morar no Rio e estar sempre com sexo à disposição o tempo todo que está me surpreendendo a aproximação delicada do novo casal gay da novela das sete, Ti-ti-ti.  A história se passa em São Paulo (que apesar de não ter praia tem seu vasto cardápio de opções sexuais rápidas muito bem desenvolvido).

Julinho perdeu o namorado/marido Osmar no começo da trama e agora lentamente vai se envolvendo com Thales, que já se declarou apaixonado . Mas Julinho delicadamente o rejeitou e já disse na novela que tem preconceito porque Thales é casado. Mas este já assumiu pra esposa que gosta de outros caras, em duas cenas belíssimas, aqui e aqui. E a trama continua.

Voltando ao mundo real. Paralelamente, um outro amigo meu, também amigo desse primeiro que eu mencionei, é aquele tipo sarado absolutamente perfeito e que atrai olhares e tesão de todo mundo em todo lugar onde pode tirar a camisa. Ou seja: é alguém q poderia, sem o menor esforço, transar com caras sensacionais como ele várias vezes ao dia. Ele não quis isso. 

Esperou e esperou, até que alguém chamasse sua atenção de forma diferente. Conheceu um cara, ficaram, perderam o contato sem querer. Eu fui lá e botei fogo de novo no negócio dizendo pro meu amigo insistir que eu sentia q ia rolar algo mais ali. Ele se sentiu mais confiante, fez isso e não deu outra: os dois começaram a namorar há cerca de um mês e meio e estão felicíssimos um com o outro. Os dois têm uma energia de casal perfeita. Eu brinco dizendo que quero um agradecimento público como responsável pela união na hora do brinde na festa de casamento deles. ;)

O tempo passa inclemente e ninguém aqui está ficando mais jovem. Queremos mesmo chegar aos 50, 60 anos, com milhares de histórias sexuais pra contar, mas sem nunca termos vivido uma história de amor com outro cara? Sem nunca termos acordado  ao lado de alguém que nos ama? Sem nunca termos amado alguém?

Quem já teve essas experiências sabe o quão gratificantes elas são. Mesmo com a dor que pode vir durante o relacionamento através das brigas ou depois, se a história uma hora terminar. 

Pra ilustrar o post, na série “músicas das quais nunca paramos pra prestar atenção na letra porque parecem pop ou descartáveis demais”, há uma das Spice Girls que fala exatamente desse movimento de ir devagar e segurar a onda, esperando pelo que vale a pena ter.

Veja aqui abaixo como é absolutamente pertinente ao post. ;) 

Caso precise, a letra em inglês e a tradução estão aqui


7 comentários:

Luciano disse...

Tudo a ver. Mas acho também que ouvir um "estou a fim de esperar para termos algo mais sério" é só um eufemismo para "eu não estou tão a fim de você". Coincidentemente, no momento estou lendo (ou melhor, ouvindo o audiobook) de He's Just Not That Into You.
Abraço,
Muque de Peão

Leandro/RJ disse...

Realmente, viver uma história profunda e ter a chance de acordar ao lado de quem amamos não tem preço. Vivi isso durante quase 5 anos. Hoje resta a amizade, e a certeza de que valeu a pena, ainda que tenha chegado ao fim. Acho q são essas as melhores lembranças e histórias q podemos ter na vida.

Rodrigo/RJ disse...

Estava dando uma olhada neste post e parece que voltei alguns meses na minha vida. Eu andei por muito tempo procurando isso tudo que voce descreveu (amar alguem especial, fazer sexo e nao ter que sair correndo ou saber que amanha vcs vao se encontrar de novo, assistir um bom filme agarradinhos...). Algumas pessoas diriam que isso tudo parece meio piegas, mas se essas coisas sao consideradas piegas, eu digo uma coisa. QUE VIVA O PIEGAS.

Anônimo disse...

Acredito que além de todos os fatores relatados no posto existe um outro fator que muitas vezes passa despercebido. Há pessoas que, mesmo inconscientemente, estão ligadas ao seu último relacionamento e criam um bloqueio para que qualquer outra relação funcione. Assim, qualquer pretendente sempre terá um defeito que já vai ser motivo para não tentar.

Lobo disse...

É muito bonito essa questão de se segurar, esperar a coisa tomar outras proporções, querer um romance...

O foda é só que o fator determinante para o fim dessa espera é, mais do que todos os outros, sorte de encontrar alguém legal. E como faz para esperar por algo que não se faz a menor ideia de como, quando e onde pode acontecer?

Não que isso justifique putaria desenfreada, mas, né, é levemente frustrante...

Uma Cara Comum disse...

Pois é... É por isso que eu invisto fortemente no meu casamento... rs

Abraços!!

Uma Cara Comum disse...

Pois é... É por isso que eu invisto fortemente no meu casamento... rs

Abraços!!